Morfologia Urbana
Pelo levantamento aerofotogramétrico da Prefeitura de Belo Horizonte de 1953 (Mp. 01), podemos perceber que a localização do Ribeirão do Onça e a implantação dos trilhos da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), foram os primeiros delimitadores do bairro. Onde antigamente eram os trilhos da FCA, hoje é a rua Padre Argemiro, ela contorna a extremidade norte do bairro. Além desses dois, a topografia e as vias existentes na época, contribuíram para a sua conformidade. A rua Jacuí era o principal acesso(1953) para Santa Luzia. Hoje, uma parte do seu curso virou a Av. Cristiano Machado, outra parte foi interrompida pelo metrô e sua continuação no bairro Providência, foi renomeada, e se chama rua Dr Benedito Xavier.
Mapa 01: Bairro São Gabriel em 1953, principais aspectos (elaborado por Bruno Coelho)
O Ribeirão do Onça passava bem mais interno ao bairro na maioria do seu curso, afastando-se apenas em seu leito mais ao norte (Img. 01). O rio era acompanhado por olarias, que o margeavam (Img. 02).
Imagem 01: Ao fundo os morros onde localizam os bairros Tupi e Guarani, o Ribeirão do Onça passa logo ao pé do morro mais próximo em seu curso natural (Acervo do senhor José Alves Enoque)
Imagem 02: Olaria próximo ao Ribeirão do Onça (Acervo senhor José Alves Enoque)
Nos limites ao sul, percebemos a formação de uma represa à partir de algumas nascentes (Mp. 01). Ela se localizava onde hoje se encontra a Pontifícia Universidade Católica (PUC - unidade São Gabriel). Essa represa seguia um curso que levava até o antigo matadouro da região (representado por uma construção em preto, no mapa) e posteriormente desaguava no Ribeirão do Onça.
Já no mapa de 1976 (Mp. 02), nota-se uma retificação do Ribeirão, mesmo antes de sua canalização. Acredito que seja resultado da implantação da FCA e para a justaposição de novas vias, que comportavam a recente urbanidade do bairro, ainda com muitas ruas de terra, representadas pelo traçado marcado com linhas vermelhas. O mapa de 1976, provém da Lei de Uso e Ocupação do Solo (LOUS), elaborado pelo Plano Metropolitano de Belo Horizonte (Plambel) constituído em 1971, que tinha por finalidade elaboração de um planejamento urbano da região, controlando a expansão da cidade. Ela explicita regras e normas que passam a ser usadas na produção do espaço urbano.
Mapa 02: Bairro São Gabriel em 1976, principais aspectos (elaborado por Bruno Coelho)
As primeiras residências do bairro foram ao longo da rua Jacuí (Mp. 01), onde hoje há um grande terreno vazio, desapropriado para abrigar a nova rodoviária de Belo Horizonte. Acredito que antigamente, essa região não fazia parte dos limites do São Gabriel, pois estava mais inserida na comunidade ao longo da rua Jacuí. Provavelmente compunha o bairro Providência ou o bairro Primeiro de Maio. Com a criação da estação do metrô e de seu pátio de manutenção, este último, interno ao São Gabriel; todo o território foi configurado como parte do mesmo bairro.
No mapa de 1985 (Mp.03) e na imagem aérea de 1989 (Img.3) podemos ver ruas e ocupações mais consolidadas, assim como a Avenida Cristiano Machado. A avenida começou a ser construída na década de 50 para ligar o centro da cidade ao terminal de cargas do matadouro, onde atualmente é o bairro São Gabriel. Com a escassez de verbas, ela teve sua suas obras interrompidas por um bom tempo, sendo retomadas na década de 70 para ligação ao Anel Rodoviário e só estendida até Venda Nova na década de 80.
Mapa 03: Bairro São Gabriel em 1985, principais aspectos (elaborado por Bruno Coelho)
Imagem 3: Imagem aérea do bairro São Gabriel em 1989 (arquivo cedido pela Prodabel)
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