São Gabriel e suas primeiras ocupações
Os moradores antigos, contam que para se ter energia elétrica em suas residências, eles se juntavam em pequenos grupos e solicitavam a Companhia Força e Luz o fornecimento. A solicitação era encaminhada e instalada a fiação, desde que os moradores arcassem com o valor dos postes necessários. As casas não eram abastecidas por água e nem tinham o esgoto recolhido, haviam cisternas individuais com a elevação manual de água.
Contam que andavam por trilhas em 1959 (Img.1). Havia o traçado viário, mas tudo era coberto por grama e apenas no final dos anos 60, iniciou-se a abertura de ruas em meio aos gramados existentes.
Imagem 1: Loteamento do bairro Ouro Minas. Vista à partir da rua Maricá, na altura da Escola Estadual Guilherme Azevedo Lage (arquivo do Senhor José Alves Enoque, década de 80)
O aceso ao transporte público era pelo bairro Arão Reis, Pirajá ou São Paulo (bairros do entorno). O primeiro ônibus que atendeu ao bairro, atravessava a BR-262, o bairro Goiânia, passava ao lado do Horto Florestal, para então se direcionar ao centro da cidade.
Há ainda, um relato interessante de como chegou água na rua Mãe D’água: um dos seus moradores fazia projetos para a COPASA. Ao elaborar um desses projetos, que levaria água até certo ponto do bairro São Gabriel, negociou com a empresa que o faria sem cobrar, se o encanamento fosse levado até sua residência. Como sua residência era uma das primeiras da rua, o restante, teve que pagar para que o projeto fosse estendido até sua casa. Por ter chegado até aquele ponto, era algo que podia ser viabilizado, e apesar do custo elevado, os moradores conseguiram pagar.
“Não, não tinha não (água). Depois é que foi chegando. E era cisterna. A gente furava um buraco, no chão, e aí aquilo ali ia furando... Quando a água minava, a gente descia manilha. Essas manilha grande assim, redonda, pra não esbarrancar de lado, porque a manilha segurava a terra. A gente descia uma, depois descia duas, três, até chegar na medida. Aí a gente puxava a água no... era manivela. Era um pau, amarrava uma corda assim e aquela corda ia enrolando. Enrolando ia puxando, depois virava e ele ia descendo. A cisterna era aqui atrás, ó, depois dessa parede aqui, ó. Cada pessoa tinha a sua. Cada pessoa furava um monte de terra. Cada lote tinha uma cisterna.” (Entrevista com o senhor José, morador desde 1968)
Imagem 2: Lia esposa do “Loro”, junto à cisterna na rua Nossa Senhora Auxiliadora, 169. Ao alto, casas na rua Ilha de Malta, 1963 (arquivo do Senhor José Alves Enoque)
“Como era aqui o Gabriel, era o seguinte: quando eu mudei praqui, não tinha nada aqui no Gabriel. Aqui era um lugar que... só tinha mesmo uma trilha da gente passá, fazia assim, subia ali, dava a volta aqui e tinha aquela olaria, tinha umas duas olaria aqui, daqueles tijolo pequininim, quadradim. Não era desse de hoje não, né? E aí o bairro foi crescendo, crescendo e chegou a ponto que hoje ainda falta muita coisa ainda pra melhorá, mas eu creio que a gente ainda vai chegar lá, se Deus quiser. As olarias eram perto do rio, tinha muito morador que criava porco aí, né? E aí o bairro foi crescendo e... chegamo ao ponto que nos estamo hoje.
... eu comprei, né, eu comprei esse lote aqui, na época e.. e achei por bem morar aqui. Foi.... ai meu Pai! Minha cabeça não é boa assim pra guardar as coisa não... mas é... foi... 68 mais ou menos. 68, 69. Aí antes de conhecer a Levina deu um cado de ano, não tem? Eu não guardo muito na cabeça não, sabe? Ela que guarda tudo, mas eu...
Era o Benjamim que era dono desse terreno aqui. Até lá em cima na pracinha, tinha uma estátua dele lá. Naquela pracinha lá em cima lá perto da igreja, perto do EPA. Então tudo aqui era dele e eu comprei dele. Então alguma coisa a gente vai lembrando.” (Entrevista com o senhor José, morador desde 1968)
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